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Débora: Atores podem fazer qualquer papel, independente da sexualidade

O ator João Côrtes -
O ator João Côrtes
do UOL

Do UOL, em São Paulo

02/07/2020 04h00

No Dia do Orgulho LGBTQ+, celebrado em 28 de junho, dois atores globais revelaram ser homossexuais: João Cortês e Igor Cosso (o Júnior da novela "Salve-se Quem Puder"). Esse é um dos assuntos do podcast UOL Vê TV #33, com Chico Barney, Débora Miranda e Maurício Stycer, que falam sobre como a atitude deles pode ou não afetar seus trabalhos.

Stycer lembra que Igor ficou muito assustado com a repercussão e fez um comentário, dizendo 'espero que não me falte trabalho, porque esse sempre foi meu medo'. "Eu achei essa frase muito tocante, fiquei pensando muito nisso. Acho que resume o drama de muita gente nessa mesma situação", diz o colunista do UOL. (no vídeo, a partir de 20:00)

Para Débora Miranda, editora de TV e Famosos do UOL, as atrizes conseguiram se liberar desse estigma um pouco mais cedo do que os atores. "Há um receio gigante de ficar sem trabalho, especialmente esse perfil de ator que é bonito, visto como galã, sempre fazendo par romântico com alguma mulher na novela. Existe esse medo."

A jornalista vai além: "Eu honestamente não sei dizer se é um medo baseado em padrões sociais ou se há de fato algum preconceito desse tipo dentro das emissoras, ao escalar os atores, se ainda existe uma visão de que um ator, que é homossexual, não possa interpretar um casal heterossexual, o que é uma bobagem, inclusive porque o contrário também acontece."

Igor Cosso contou que perdeu 4.000 seguidores ao compartilhar uma foto com o namorado nas redes sociais, mas em 24h já havia conquistado novos 84 mil fãs. "É importante criar essas referências onde não há, então ver atores que são assumidamente homossexuais é muito importante para abrir caminho para outras pessoas terem coragem de fazer a mesma coisa, para que não possa ser natural, se é que existe, não haver trabalho para essas pessoas. João fez um depoimento dizendo que até ele mesmo demorou para se aceitar. Ele ter tido esse processo interno, ter realizado com a família dele e finalmente ter chegado a público, é bastante corajoso."

Para Chico Barney, é um momento diferente do mercado de entretenimento para revelações como essas. "Durante muito tempo, atores e atrizes tinham boatos que os perseguiam. É importante saber que as pessoas têm o domínio de suas próprias narrativas e podem dividir com o público da maneira que acham mais adequada. Teve o Gugu, que tiraram do armário depois de morto. Quando as pessoas se sentem confiantes para dividir com o público é muito mais bacana."

Débora ressalta que a orientação sexual não deveria afetar qualquer tipo de trabalho. "Hoje a briga tem que ser que atores podem fazer qualquer coisa. A gente teve atrizes trans fazendo papéis de mulheres cis. A gente pode ter atores héterossexuais fazendo casais homossexuais, e o contrário. Acho que foi-se o tempo. Os atores são atores, desde que eles se encaixem no perfil do papel, nada tem a ver a sexualidade deles."

Você pode ouvir o programa UOL Vê TV no Spotify, no Apple Podcasts ou em outros aplicativos de podcasts. No YouTube, a gravação do programa também é transmitida em vídeo. Podcasts são programas que podem ser ouvidos a qualquer hora e lugar -no computador, no smartphone ou em outro aparelho com conexão à internet. Os podcasts do UOL estão todos disponíveis em uol.com.br/podcasts.

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