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Sem pressão por título, S Clemente traz estrelas e metralhadora de críticas

Paula Braun, Mateus Solano e Marcelo Adnet - Reprodução/Instagra
Paula Braun, Mateus Solano e Marcelo Adnet Imagem: Reprodução/Instagra
do UOL

19/02/2020 13h07

Faz três décadas que a São Clemente conquistou a melhor colocação de sua história no Grupo Especial com o enredo "E o samba sambou", uma crítica à chegada do capitalismo contemporâneo aos desfiles das escolas de samba. Após aquele ano a escola passou por sucessivos rebaixamentos e, desde 2011, quando conseguiu se manter novamente na elite carioca, passou a fazer desfiles cada vez mais despreocupados com a vitória na apuração da Quarta-feira de Cinzas. Hoje, como o desfile deste ano mostrará, a escola está focada em agradar seus componentes, o público e até em atrair estrelas de primeira grandeza que ajudem a garantir visibilidade para sua apresentação — entre os nomes do desfile, estão desde Marcelo Adnet a Mateus Solano, passando por Marcos Veras e Eduardo Sterblitch.

Com o enredo "O Conto do Vigário", do carnavalesco Jorge Silveira, a agremiação da zona sul carioca terá entre seus desfilantes um time de famosos inédito em sua história. Fundada e administrada por uma família (os Almeida Gomes), a São Clemente sempre teve uma gerência com traços pessoais e particulares: a rainha de bateria Raphaela Gomes, por exemplo, é filha do presidente e está no posto há seis anos. Este ano, no entanto, as coisas mudaram com a chegada de Adnet à quadra da agremiação na Cidade Nova, no Centro do Rio.

O humorista se interessou em compor um samba-enredo para embalar o desfile sobre a forma como os brasileiros historicamente caem em promessas e notícias falsas, envolvendo inclusive aquelas contadas pela classe política. Após emplacar a obra que escreveu com parceiros, o global passou a atrair as atenções do meio artístico para a escola. Em grande parte por causa dele, desfilarão — além de Solano, Veras e Sterblitch — os atores Welder Rodrigues, Paula Braun, Rosanne Mulholland e Loise D' Tuani. Todos eles estarão inseridos como personagens da "metralhadora de críticas" do enredo: há menções às chamadas "fake news", à utilização de laranjas para mascarar operações financeiras ilícitas e pode sobrar até para o presidente Jair Bolsonaro, que será representado por Adnet se nada mudar até lá.

No contexto das trapaças e dos tapetes puxados do "Conto do Vigário", Marcos Veras, por exemplo, desfilará na segunda alegoria, batizada de "Vende-se um terreno na Lua". Ele representará um fazendeiro que acredita ter comprado um bom terreno no satélite da Terra. Eduardo Sterblitch, junto do colega, será o corretor lunar vigarista que saiu por aí oferecendo um suposto lugarzinho privilegiado em pleno espaço.

Welder Rodrigues (do "Zorra" e "Tá No Ar") será um pastor no terceiro carro, interpretando os trejeitos de líderes religiosos durante os cultos — há uma alfinetada ao esforço das igrejas para convencer os fiéis a pagarem o dízimo. Mateus Solano será a personificação do "laranja", enquanto a fantasia de Adnet, que desfilará junto do amigo, foi batizada apenas de "O Político". Os dois estarão juntos na quarta alegoria. Depois deles, desfila Paulo Vieira (famoso pelas participações no extinto "Programa do Porchat"): ele estará em uma cela confortável mesmo depois de ter roubado dinheiro público e quebrado o estado, uma referência que o próprio samba-enredo também faz: "Tem marajá puxando férias em Bangu", diz um dos versos. Isso tudo acontece na Segunda-feira de Carnaval, quando a São Clemente abre o último dia de desfiles na Sapucaí.

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