Topo
Entretenimento

China aparece online na Semana de Moda de Milão por conta do coronavírus

18/02/2020 18h15

Milão, 18 Fev 2020 (AFP) - A Semana de Moda de Milão começou nesta terça-feira (18) com um ato inédito ao se conectar online com a China depois que o novo coronavírus impediu estilistas, compradores e jornalistas do gigante asiático de viajar.

A ausência de representantes de um terço do consumo mundial do luxo, além da crise, representa um prejuízo de milhões de euros para um dos setores mais vitais da economia italiana.

Mas, como o show deve continuar, as grandes casas italianas como Armani, Fendi, Prada, Versace e Gucci apresentarão assim mesmo suas novas coleções femininas para o outono e inverno.

Durante cinco dias, o calendário agendou 56 desfiles, 96 apresentações e cerca de 40 eventos especiais na capital da Lombardia.

O dia começou com uma declaração de amor no desfile "China, estamos contigo", do estilista chinês radicado em Nova York, Han Wen, de 20 anos.

"Meu desfile mostra mulheres com uma imagem forte, então espero que as que estão na China, outros estilistas e colegas que ficam lá gozem de boa saúde", disse o estilista em entrevista à AFP.

Três importantes estilistas chineses, Angel Chen, Ricostru e Hui confirmaram que não podiam viajar para Milão porque a Itália foi o primeiro país europeu a proibir todos os voos de e para a China desde 31 de janeiro de 2020.

Além disso, o fechamento dos ateliês de produção dessas marcas impede o atendimento dos pedidos das coleções.

A ausência da China pesa. As salas para a exibição de suas marcas, onde compradores internacionais e proprietários de butiques de luxo de todo o mundo se encontram, estarão menos lotadas.

"O impacto econômico do vírus por enquanto não pode ser calculado, embora as medidas tomadas pelo governo chinês não tenham precedentes", reconheceu a Camera Nazionalle della Moda, responsável pela organização da semana de moda.

A redução das exportações para a China custou nada menos que 100 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, segundo algumas estimativas, e chegará a 230 milhões se a crise continuar durante o primeiro semestre.

- Acesso privilegiado -Os compradores chineses terão, durante o evento, acesso à transmissão de desfiles, preparativos, entrevistas com criadores e apresentações ao vivo, quase como se estivessem no coração de Milão.

A marca Prada até mudou o calendário de seus desfiles, para fazer sua apresentação no início da quinta-feira e facilitar o horário pra sua clientela asiática.

Os criadores chineses também serão os principais protagonistas, graças ao gigante chinês Chic Group patrocinador do desfile de oito marcas chinesas emergentes, que apresentarão suas coleções na Fashion Town. Os estilistas não estarão presentes fisicamente, mas na forma virtual através de links de vídeo.

Apesar disso, as principais marcas italianas continuam anunciando o fechamento de suas lojas na Ásia (Fendi, Prada, Versace), bem como ou congelamento dos investimentos no setor de varejo, como aconteceu com a Moncler na semana passada.

A entrega dos pedidos registra atrasos significativos. As grandes marcas têm feito importantes doações para o estudo do vírus com o objetivo de acabar com ele o mais rápido possível.

A Versace doou 1.300.000 euros, Kering um milhão de euros e LVMH 2 milhões de euros.

Até o momento, quase 2.000 pessoas morreram na China continental e mais de 72.000 foram infectadas.

is-kv/mb/jz/bc/cr/mvv

Entretenimento