Vídeo de Trump agredindo mídia e oponentes gera indignação nos EUA
Washington, 14 Out 2019 (AFP) - A divulgação de um vídeo - feito por simpatizantes de Donald Trump, no qual o presidente aparece agredindo jornalistas e adversários políticos - causou uma onda de indignação nos EUA nesta segunda-feira (14).
Sempre muito atento ao noticiário e muito ativo no Twitter, o republicano não tinha reagido pessoalmente até o início da tarde de hoje.
Foi sua porta-voz, Stephanie Grisham, que veio a público condenar, categoricamente, a paródia que mostra Trump atirando e esfaqueando a mídia e seus oponentes políticos.
"O presidente ainda não viu o vídeo. Ele o verá rapidamente, mas com base em tudo que foi informado, ele condena veementemente esse vídeo", tuitou a porta-voz da Casa Branca.
O vídeo foi exibido durante uma reunião de adeptos de Trump em Miami, informou o jornal "The New York Times".
Em uma cena tirada do filme "Kingsman: Serviço Secreto", uma comédia de espionagem britânica de 2015, a cabeça do presidente americano foi sobreposta ao corpo de um homem que atira em pessoas, cujos rostos foram alterados pelos logotipos de grupos de mídia como CNN, Washington Post e NBC.
Enquanto a violência continua dentro da "igreja das fake news", o personagem de Trump ataca o falecido senador John McCain, o senador Bernie Sanders - que busca a indicação democrata para enfrentá-lo nas eleições presidenciais de 2020 - e também joga no chão o senador republicano Mitt Romney.
Enquanto isso, o ex-presidente Barack Obama o ataca por trás e o joga contra uma parede.
A viúva de McCain expressou sua "indignação" e disse que estas cenas violam "todos os padrões que nossa sociedade espera de seus líderes e de suas instituições".
O organizador do evento, chamado "American Priority" e que aconteceu na semana passada em um resort de Trump em Miami, disse que o vídeo foi mostrado como parte de uma exibição de "memes".
"A American Priority rejeita a violência política e incentiva um diálogo saudável sobre a preservação da liberdade de expressão", disse Alex Phillips ao NYT.
Enquanto isso, a CNN escreveu no Twitter: "Esta não é a primeira vez que os seguidores do presidente promovem violência contra a mídia em um vídeo que aparentemente acham divertido, mas esse é, de longe, o pior de todos".
Trump, a Casa Branca e sua equipe de campanha deveriam denunciar o vídeo, disse o canal de notícias, acrescentando que "isso significa apoio tácito à violência".
Tim Murtaugh, porta-voz da campanha de Trump para 2020, disse ao "New York Times" que o vídeo "não foi produzido pela campanha".
"Não toleramos violência", acrescentou.
- Incitação à violênciaA mídia tem sido regularmente alvo de ataques verbais de Trump e de seus seguidores.
Em seus comícios, o presidente pede repetidamente à multidão que reprima os jornalistas que cobrem o evento, chamando-os de "fake news" e "inimigos do povo".
Em uma ocasião, Trump postou um vídeo grosseiramente editado. Nele, o presidente ataca um lutador, cuja cabeça era o logotipo da CNN.
"Donald Trump usa sua conta do Twitter para incitar o ódio e a violência e ameaça quem exige que ele preste contas", reagiu Kamala Harris, pré-candidata democrata para as eleições presidenciais de 2020.
"Então, surpreende que apareça esse tipo de coisa? Não. Trump põe vidas em jogo com seu comportamento perigoso", acrescentou.
A Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA, na sigla em inglês) convocou todos os americanos a "condenarem esta mostra de violência contra jornalistas e opositores políticos do presidente".
"Já dissemos ao presidente, no passado, que sua retórica pode incitar a violência. Hoje, pedimos a ele que denuncie este vídeo e diga que a violência não tem espaço em nossa sociedade", afirmou o presidente da associação, Jonathan Karl.
bgs/tom/fox/lda/lp/cn/tt
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