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Selva de Pedra: morte precoce interrompeu carreira do "Rambo brasileiro"

Após uma participação especial em Selva de Pedra, Marcelo Ibrahim morreu aos 24 anos em 1986 - Reprodução
Após uma participação especial em Selva de Pedra, Marcelo Ibrahim morreu aos 24 anos em 1986 Imagem: Reprodução
do UOL

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

23/08/2019 04h00

Selva de Pedra voltou ao ar ontem pelo Viva e fez parte do público relembrar de Marcelo Ibrahim, o jovem galã com carreira em ascensão que morreu aos 24 anos durante a novela, em 1986. Para quem não o conhecia, foi uma oportunidade de assistir a este trabalho do ator, que ficou famoso como "Rambo brasileiro" pela semelhança com o personagem popular de Sylvester Stallone à época.

Neste remake da história de Janete Clair, exibido pela primeira vez após 33 anos, Ibrahim fez uma breve participação a convite do diretor Walter Avancini. Ainda assim, a cena no primeiro capítulo é fundamental para o desenrolar de uma trama repleta de reviravoltas, casamentos desfeitos no altar, perseguição de carro, uma falsa morte e uma vilã enlouquecida.

Ibrahim dá vida ao playboy Gastão Neves, que se envolve em uma briga com o protagonista Cristiano Vilhena, papel de Tony Ramos. Na luta, acaba se ferindo com a própria arma, uma faca, o que provoca a fuga do rival com Simone (Fernanda Torres), única testemunha do trágico acidente.

Como na ficção, o ator também morreu de forma inesperada e antes do fim da novela -- ainda que em circunstâncias completamente diferentes da de seu personagem em Selva de Pedra. A morte de Ibrahim chocou a classe artística e os fãs, que ficaram perplexos sobre o que teria acontecido ao jovem ator de porte atlético, com uma trajetória promissora na televisão e no teatro.

Boatos sobre HIV

A disseminação de boatos que especulavam que o ator seria mais uma vítima da Aids, epidemia que crescia no Brasil da época, levou o pai dele, Emílio Ibrahim, a divulgar um laudo médico com a causa da morte. Em texto publicado em um site pessoal, ele afirma que a intenção era "rechaçar informação que ainda perdura na internet", divulgada "de forma irresponsável e leviana".

No documento de 12 de julho de 1986, a médica Emília N. Xavier diz que foram realizados exames que demonstraram "que não havia deficiência na produção de anticorpos" e afirma que o ator teve uma forte infecção que levou a "um quadro irreversível de pulmão de choque".

Trapalhões e Gal Costa

Além de Selva de Pedra, o galã também participou da novela Um Sonho a Mais (1985) e na série Armação Ilimitada, no episódio chamado Jambo para Matar, paródia do filme Rollerball - Os Gladiadores do Futuro, que foi ao ar como uma homenagem póstuma. Ibrahim atuou ainda no filme Os Trapalhões e o Rei do Futebol e dividiu cena com Gal Costa no clipe de Nada Mais (1985).

Assista ao clipe de Nada Mais, de Gal Costa, com participação de Marcelo Ibrahim:

No velório do ator, personalidades como Marília Pêra, Íris Bruzzi e Vera Gimenez se juntaram às cerca de 500 pessoas que foram de despedir, como destacou a revista Amiga. A mãe de Luciana Gimenez falou para a publicação sobre o período de cinco dias em que ele ficou internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.

No terceiro dia do tratamento, um dos pulmões clareou e todo mundo teve esperanças. Fiz orações à beira de seu leito e todos sofreram muito quando, inesperadamente, ele piorou e morreu

Como todo galã, os romances de Marcelo Ibrahim aguçavam a curiosidade do público. Em sua última entrevista, também publicada pela revista Amiga, o ator falou do entusiasmo pela profissão e sobre a admiração pela atriz Débora Duarte, com quem namorou e contracenou na peça Cozinhando Maçãs.

"A Débora é uma grande atriz. Sou suspeitíssimo para falar, mas o que eu aprendi com ela nesses dois meses de temporada valeria anos de carreira. Ela é fantástica", disse. Ele também namorou famosas na época como Suzana Queiroz e Claudia Magno (1958-1994).

Foto de Marcelo Ibrahim e Débora Duarte em matéria da revista Amiga - Reprodução/Amiga - Reprodução/Amiga
Foto de Marcelo Ibrahim e Débora Duarte em matéria da revista Amiga
Imagem: Reprodução/Amiga

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