Análise: SBT faz 38 anos em 2º no ibope e cheio de desafios
O SBT completa hoje 38 anos. A emissora nasceu de outro embrião de Silvio Santos, a TVS do Rio, a qual ele tinha a outorga desde 1976.
A despeito da efeméride, o momento do SBT não pode ser considerado maravilhoso. Pelo contrário. Aliás, não só o SBT como nenhuma outra emissora aberta --inclusive a Globo-- atravessa uma fase de ascensão e nem sequer de tranquilidade.
Todas vêm promovendo ou já promoveram cortes e enxugamentos (a Globo é a única que está investindo, porém).
Ao menos no ibope, o SBT está numa situação tranquila na Grande São Paulo, maior mercado publicitário do país.
Nessa região ele é vice-líder isolado de audiência e abriu no mês passado a maior diferença sobre a Record em um ano, como esta coluna antecipou.
No entanto, no país, como um todo (Painel Nacional de Televisão), a briga com a Record ainda segue nas casas decimais e o SBT mostra um momento de aparente estagnação.
Na comparação de ibope do primeiro semestre deste ano com o mesmo período em 2018, só Record e RedeTV cresceram nominalmente.
O SBT ficou em zero crescimento: não caiu, mas também não subiu nada. Isso definitivamente não é uma boa notícia.
Aos 38, o SBT tem vários desafios pela frente. Muitos, no momento, insolúveis. Senão vejamos:
A emissora enfrenta um problema crônico desde que foi "idealizada" por seu próprio dono; ela depende de forma assustadora (e não muito racional) dos gastos publicitários do próprio Grupo Silvio Santos.
Jequiti Cosméticos, Tele Sena (Liderança Capitalização) e Baú são os principais anunciantes, e a estimativa é que mais de 30% das receitas publicitárias venham do próprio bolso de Silvio.
Como registra o livro "Topa Tudo Por Dinheiro", de Maurício Stycer (ed. Todavia, 256 págs, R$ 50 a R$ 60 em média o livro em papel), a ideia de financiar a si mesmo foi uma estratégia que o apresentador e empresário já tinha desde antes do nascimento do SBT e da própria TVS.
Claro, há também um motivo "nobre" atrás disso: a despeito das ofertas multimilionárias Silvio nunca aceitou vender horários para igrejas, ao contrário da concorrente direta, a Record, que recebe centenas de milhões de reais anuais da Igreja Universal.
Além disso, como as demais, o SBT tem amargado "perda" de receitas devido ao fechamento da "torneira" de gastos federais em publicidade.
Curioso é que, a despeito da bajulação que Silvio vem promovendo à família Bolsonaro, não é o governo que vai tirar o SBT dessa situação.
Afinal, os gastos federais em propaganda nunca chegaram nem sequer a 8% do faturamento da casa (no caso da Globo mal chega aos 6%).
Mas, é claro, é um dinheiro que faz falta. Muita falta.
Mas, há outros desafios para os próximos meses e anos.
O SBT não investiu em streaming até hoje, coloca toda sua programação própria em uma plataforma externa (YouTube) e isso não é bom, pois tem de dividir eventuais ganhos comerciais na internet. Globo e Record já estão à frente.
Outro desafio é melhorar a qualidade de seu conteúdo.
O jornalismo é fraco e sem personalidade. As novelas mexicanas, mantidas no ar nas últimas décadas, até rendem um bom ibope, mas não agregam valor de verdade.
Outro problema é que o SBT quase não investiu em novos programas nos últimos tempos (Maisinha é a grata exceção de 2019).
Todos esses são os grandes desafios dos próximos meses e anos para Silvio e seu SBT.
O curioso é que, para olhar para o futuro, talvez Silvio devesse olhar para a década passada, quando sua emissora se orgulhava de ser vice-líder, mas sem a Record fungando em seu cangote. Mas sempre há tempo e esperança para o aniversariante de hoje.
Feliz aniversário, SBT.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook e site Ooops
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.