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Nada a Perder 2 ameniza polêmicas e retrata perseguição a Edir Macedo e evangélicos

do UOL

Do UOL, em São Paulo

16/08/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Filme é a continuação da história baseada na biografia do bispo Edir Macedo
  • Estão no filme chute na santa, contagem de dólares, prisão e processos
  • Igreja católica e grande imprensa são os grandes vilões na história
  • O próprio Edir Macedo aparece na tela para dar recado

Uma moça corre e é atacada por um grupo que discorda de sua fé. O episódio explícito de intolerância religiosa é seguido pelos versos do livro de Mateus na Bíblia: "Então sereis entregues a tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão. Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo."

Assim começa Nada a Perder 2, a continuação da história baseada na biografia do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. O filme que estreou hoje em todo o país traz a versão do bispo para grandes polêmicas envolvendo sua igreja, começando com um dos maiores escândalos: o episódio do chute de um de seus pastores na imagem de Nossa Senhora Aparecida no dia da padroeira do Brasil, em 12 de outubro de 1995.

Com o subtítulo de Não Se Pode Esconder a Verdade, Nada a Perder 2 é costurado por um clima de perseguição, desde sua trilha sonora até os pontos escolhidos para serem destacados na trama. O filme traz a igreja católica e a grande imprensa como os grandes vilões que tentam derrubar Edir Macedo e destruir a sua igreja a qualquer custo. O pastor Carlos Magno, que rompeu com a Universal e entregou vídeos e documentos com denúncias contra a igreja também é retratado como um infiltrado e traidor.

Nas 2h de duração do filme, Edir Macedo responde direta e indiretamente a várias polêmicas, como o vídeo em que conta nota de dólares, a prisão dele em 1992, o desabamento do teto da Igreja Universal de Osasco em 1998 e os vários processos envolvendo seu nome. Embora não-linear, a linha do tempo é conduzida pelas entrevistas que o bispo cedeu para a produção da trilogia de livros, escritos pelo jornalista Douglas Tavolaro, atualmente no comando da CNN Brasil.

Gravado em 2017 junto com a parte 1, Nada a Perder 2 traz o mesmo elenco da produção anterior. No final do filme, porém, o próprio Edir Macedo aparece na tela para dar um recado.

Eu gosto que falem mal de mim, é o combustível da minha fé.

Chute na santa

O chute na imagem de Nossa Senhora Aparecida é a primeira grande polêmica mostrada no filme, e - apesar da gravidade e da re-encenação do pedido público de desculpa de Edir Macedo na TV - é tratado de forma mais amena. Quando o bispo questiona por telefone se seu pastor chutou a santa, ouve do outro lado da linha que na verdade a imagem da santa recebeu "umas pancadinhas, umas tocadinhas com o pé".

Na vida real, o episódio aconteceu na madrugada de 12 de outubro de 1995, feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida, e causou grande comoção em todo o país, até então de maioria católica. O responsável pelo chute foi Sérgio Von Hélder, hoje ex-bispo da Universal, e foi exibido ao vivo no programa dele na TV Record. Depois da polêmica, a maior da Universal do Reino de Deus, Von Hélder deixou o país por causa de ameaças e vive até hoje recluso.

O infiltrado

Carlos Magno, no filme apenas Carlos, é retratado como um traidor. Ainda no início da trama ele é mostrado com uma câmera em mãos e questionando a fortuna de Edir Macedo, para ser logo repreendido por outro membro da igreja que ressalta que o bispo ganha dinheiro com os direitos autorais dos milhões de livros que vende pelo mundo. É dele também a autoria das imagens do bispo contando o dízimo em dólares dos primeiros fiéis internacionais da Universal do Reino de Deus.

Na ficção, eles fazem questão de mostrar que se tratam de notas de US$ 1 e que o dinheiro está sendo contado no chão por não terem nem como comprar uma mesa. O genro de Edir Macedo ainda comemora que o valor pelo menos "garante o aluguel do mês" do espaço ocupado pela igreja.

Na realidade, outras imagens que não estão no filme também foram divulgadas por Carlos Magno. Além da contagem dos dólares, um dos vídeos que ficou mais famoso mostra Edir Macedo ensinando os pastores a arrecadar o dízimo. O pastor dissidente ainda mostrou documentos que apontavam que os líderes recebiam comissões em cima do dízimo dos fiéis de cada igreja. Esse é parte do material que gerou investigações sobre o líder da Universal, apesar de isso não ficar tão claro no filme.

A subida ao Monte Sinai

Um ponto de grande beleza cinematográfica é a subida de Edir Macedo ao Monte Sinai, no Egito. Era 1999 e, em meio a vários processos, ele resolveu ir ao local "onde Deus falou com Moisés" para ficar mais próximo de sua fé. O filme ainda traz uma cena muito simbólica em que Edir Macedo leva toda a papelada oficial dos processos contra ele que já estão na Justiça e os queima em uma fogueira no local sagrado. Depois disso, seus inimigos são retratados caindo um a um.

O Templo de Salomão

Dez anos depois do episódio do Monte Sinai, surge a ideia de construir o Templo de Salomão, sede da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo. Com 75 mil metros quadrados e ao custo de R$ 680 milhões, o prédio foi erguido em 2014 após quatro anos de obra. Segundo mostra o filme, a ideia surgiu em uma viagem de Edir Macedo a Israel em 2009, quando ele quis levar um pedaço da terra em que Jesus passou para seus fiéis.

O filme termina com imagens reais da construção e da inauguração do templo, que reuniu diversas autoridades e grandes personalidades brasileiras. As imagens destacam ainda a presença do apresentador da Record Gugu Liberato no local e da então presidente da República Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer.

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