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"Apocalypse Now" volta aos cinemas em nova versão 40 anos após sua estreia

O filme "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola - Divulgação
O filme "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola Imagem: Divulgação

16/08/2019 17h09

Francis Ford Coppola continua com sua obsessão por "Apocalypse Now", 40 anos depois de sua estreia, em 1979. O clássico do cinema retorna às telonas em uma nova versão restaurada, com meia hora a mais que o original.

Apesar do sucesso de seu filme sobre a guerra do Vietnã - Palma de Ouro ex aequo no Festival de Cannes em 1979 e que se tornou uma referência da sétima arte -, Coppola nunca esteve realmente satisfeito com sua obra original, que havia condensado em 2h33.

Em 2001, fez uma nova versão ampliada em 49 minutos, "Apocalypse Now Redux", com cenas que haviam sido excluídas da versão original.

"Apocalypse Now: Final Cut", com 3H01 de duração, que estreou ontem nos Estados Unidos, antes de uma edição em Blu-Ray, é um meio termo entre suas versões anteriores, com uma restauração pela primeira vez a partir do negativo original, que levou quase um ano, e uma qualidade de imagem melhorada.

"Melhor versão do filme no mundo", segundo o cineasta, este "Final Cut", apresentado pela primeira vez em abril no Festival de Tribeca, em Nova York, "traz uma qualidade de imagem e de som superior à anterior", disse. "O público poderá ver, ouvir e sentir este filme como sempre sonhei", acrescentou.

Em Nova York, o cineasta de 80 anos declarou que "sempre lamentou alguns cortes" que teve que fazer em 1979, mas que a segunda versão lhe parecia "talvez longa demais", daí esta terceira.

"Loucura obsessiva"

A restauração evidencia a relação obsessiva que o diretor de "O Poderoso Chefão" manteve com este clássico do cinema.

O ex-presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob, lembra em um livro que em 1979 Coppola "chegou a tal nível de loucura obsessiva que, no mês anterior ao [Festival de] Cannes", criou "um final por semana".

Ele conta que o cineasta americano apresentou em Cannes dois finais possíveis. Uma "última dúvida" que surgiu para coroar sua "incapacidade" para "montar cinquenta mil metros de filme" e "decidir entre diferentes montagens", um trabalho que levou mais de dois anos, ressaltou Jacob.

Antes de tudo isto, a filmagem desta adaptação livre do romance de Joseph Conrad "O coração das trevas", que conta o périplo do capitão Willard (Martin Sheen no filme), encarregado de encontrar e eliminar o coronel Kurtz (interpretado por Marlon Brando), esteve cheia de dificuldades inimagináveis.

Medo

"Estávamos na selva. Éramos muitos. Tínhamos dinheiro demais, material demais. E pouco a pouco, nos tornamos loucos", declarou Coppola no Festival de Cannes.

A filmagem começou em 20 de março de 1976 nas Filipinas. Prevista para durar algumas semanas, acabou se prolongando por um total de 238 dias.

Primeiro surgiram problemas com os atores: escolhido especialmente após a recusa de Steve McQueen, Harvey Keitel desagradava Coppola. Substituiu-o por Martin Sheen, mas este sofreu um infarto em 1977, e teve que se ausentar por várias semanas.

Quanto a Marlon Brando, chegou sem ter se preparado.

As condições climáticas também foram muito difíceis. No fim de maio de 1976, o tufão Olga destruiu o cenário e o material, o que interrompeu a produção durante seis semanas.

A isso se somaram os surtos paranoicos de Coppola, sob os efeitos de drogas, que perdeu cerca de 40 quilos e teve que hipotecar seus bens para financiar o filme. O orçamento, inicialmente de 13 milhões de dólares, passou para 30 milhões, levando-o à beira da ruína.

"Sejamos honestos. Eu estava com medo", confessou o cineasta no Festival de Tribeca. Mas "se você quer fazer arte, é preciso aceitar o risco", concluiu.

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